sábado, novembro 04, 2006

Semana_4/ECS_6 Weber II


Semana_4/ECS_6 Weber II

Situações vividas no meu local de trabalho que são analisadas a partir da teoria de Weber.

*ser/estar x papéis.
*poder/hierarquia.

Lembro de um fato triste que aconteceu em minha escola há alguns anos atrás, quando ingressei no Município através de concurso público. No ano seguinte eu havia recebido um aluno da Escola Especial Cebolinha, que estava evoluindo de um quadro de retardo mental para estudar em uma classe normal. O menino com catorze anos, era criado pela vó materna, a mãe com problemas mentais e mãe solteira era impossibilitada de criá-lo. Foi bem acolhido, com um comportamento tranqülo, apesar de os colegas da turma terem entre oito e nove anos, ele já estava adaptado com a nova escola, a professora e aos novos coleguinhas. Em um determinado dia, nos quinze minutos de intervalo, o menino cai pois estava brincando de pega-pega com os demais colegas e fica com os joelhos e cutuvelos esfolados, mas nada grave. Lavei o ferimento, coloquei uma solução atiséptica, a supervisora também olhou as escoriações e ele foi brincar novamente. A vó do menino que vinha buscá-lo diariamente, veio e quando viu os esfolados no menino, este fez o relato do que aconteceu. A vó ficou furiosa disse que já havia avisado para ele que não era para participar de brincadeiras de correr. Então aplicou a sentença: este ficará lendo a oração de Santa Catarina de Alexandria durante todo o recreio, todos os dias, até o final do ano para evitar bricadeiras que possam trazer disgraças maiores.
Começou o meu martírio. Levei ao conhecimento da direção a punição que a vó havia dado. A direção convocou a vó para uma reunião. E esta veio com o argumento de que nós não sabíamos por quais situações ela passava e que só ela sabia o que era melhor para seu neto. Portanto o castigo estava dado e era para cumprir, pois caso contrário ela iria vir cuidá-lo no recreio. Nós também argumentamos , mas ela irredutível não cedeu nada.
Infelizmente a nossa escola não tinha muro, na época, e ela vinha para ver se estava sendo cumprida sua ordem. A direção se acovardou, não insitindo em nossas convicções e fazer valer o direito da criança.
Confesso que eu com o passar dos dias eu trocava o horário de recreio da minha turma. Eu usava o argumento que era Educação Física e era ordem da Secretaria de Educação, então o menino podia brincar e a punição da vó ficava sem ser aplicada.
Vejam quanto jogo de cintura eu precisava ter para agradar a todos, também cometendo infração. Eu em início de carreira , a escola sem nenhuma estrutura de segurança, a direção não queria se indispor nem usar de suas reais atribuições e eu precisando passar no estágio probatório e querendo fazer o melhor para o meu aluno. No final do ano a vó pediu a transferência do menino para uma escola do Estado.

3 comentários:

Neusa Siqueira disse...

Oi colega,
Sou a Neusa do pólo de São Leopoldo.
Li o que escreveu e percebo que tua escola trbalha com inclusão, Parabéns!
Fiquei pensando no nosso papel de educadora frente a situação que tu colocas, onde a criança precisa de ajuda e a avó precisa ser consientizada.Não sei se a rede em GRAVATAÍ tem assistência de algum programa, com atendimento de psicólogos ou assistentes sociais, pois seria o caso, quando a própria escola não consegue resolver.

Visite meu BLOG: http://neusasiqueira.blogspot.com/

Um Grande abraço,Neusa Siqueira

biapedag.blogspot.com disse...

Oi, Cristina...
Não tens idéia de quanto teu relato me sensibiliza... Percebo, no passado que relatas, a angústia de uma jovem em início de carreira e EM ESTÁGIO PROBATÓRIO!Difícil... ainda mais, quando a Escola não tem uma filosofia definida, não defende o que acredita e não auxilia os jovens educadores que necessitam de referências. Eu trabalho muito próxima das diferenças, sabe? Sou professora da rede municipal de Porto Alegre e trabalho com crianças e adolescentes com Transtornos Globais de Desenvolvimento. espero que possamos, com o tempo, visitarmo-nos e conversar sobre nossas caminhadas. Por hora, um abraço. Ah, http://www.mbgbiagut.blogspot.com ou http://www.biapedag.blogspot.com
Seja bem-vinda em qualquer um dos blogs. Bia Guterres

Simone Gimenes disse...

Oi Cristina,

Etive lendo a tua atividade sobre Weber e conseguiste suscintamente levantar os principais pontos do texto. Além disso, associaste a teoria com a prática facilitando a compreensão do texto. Quanto ao teu relato, fica cada vez mais presente a idéia de que a escola é um ambiente de muitas dominações, e isso não se dá apenas no âmbito restrito da escola, ou seja, entre professores e alunos, mas envolve toda comunidade escolar. E nós enquanto educadores, o que podemos fazer para minimizar essas tensões?

Um grande beijo,
Simone Gimenes - Tutora PEAD (Escola, cultura e sociedade)